PORTUGAL TEM DOIS CRITÉRIOS
SOBRE OS DIREITOS HUMANOS
O secretário-geral da Amnistia Internacional (AI), Salil Shetty, acusou
Portugal de manter um “silêncio ensurdecedor” sobre a situação dos direitos
humanos em países como Angola ou a Guiné Equatorial.
Em visita a Portugal numa altura em que se assinalam os 40 anos do 25 de
Abril, o responsável da (AI) deixou um apelo ao Governo: “Esperamos que
Portugal possa erguer a sua voz mais claramente em lugares como a Guiné
Equatorial e Angola
Em entrevista à Lusa em Lisboa, Shetty referiu-se ao caso da Guiné
Equatorial, um país que pediu a adesão à Comunidade dos Países de Língua
Portuguesa (CPLP) e cuja candidatura poderá ser aceite já na próxima cimeira da
organização lusófona, em Julho.
“A nossa principal preocupação é o que se passa no interior da Guiné
Equatorial na questão dos direitos humanos e não apenas a pena de morte, mas
também outros direitos cívicos e políticos”, alertou.
“Infelizmente Portugal mantém um silêncio ensurdecedor nesta questão”,
acrescentou o líder da AI, sugerindo que esse silêncio se deva a “questões
económicas”.
Também no caso de Angola, onde a AI acredita que a situação dos direitos
humanos está a deteriorar-se e não a melhorar, Shetty lamentou que “Portugal,
mais uma vez por razões económicas”, mantenha “um silêncio diplomático”.
Estamos muito preocupados. Portugal devia ser firme com Angola, disse o
responsável, referindo-se a violações dos direitos humanos como os despejos
forçados em Luanda e em outras regiões ou as alegadas detenções arbitrárias de
opositores políticos.
Convém aqui recordar que a posição de Portugal tem sido de ser forte com
(os que julga serem) fracos e fraca com os fortes.
Paulo Portas quando ocupava a pasta dos negócios estrangeiros, em Abril de
2012, chegou a pedir o envio de uma força internacional para ocupar a
Guiné-Bissau e impôs severas medidas e sanções para o nosso país.
Rui Machete que substitui Portas no Ministério dos Negócios Estrangeiros
criticou violentamente a Guiné-Bissau e deu seguimento a uma atoarda inventada
sobre a coacção armada sobre a tripulação da TAP. Porém, foi este o mesmo
ministro que numa atitude falha de carácter criou um incidente político e jurídico em Portugal ao apressar-se, em
entrevista à Rádio Nacional de Angola, a pedir desculpas ao estado angolano
pelo facto de o Ministério Público em Portugal estar a investigar negócios
pouco claros de altos dirigentes próximos de Eduardo dos Santos.
Também em
Julho de 2012,Durão Barroso, o português que ainda ocupa a Presidência da União
Europeia, ao participar numa cimeira da CPLP, em Maputo e onde a Guiné-Bissau
tem assento por direito próprio, mas viu-se excluída, referiu-se em termos
injuriosos ao nosso país, acusando o governo de transição da Guiné-Bissau de
tomar “todo o país como refém”.
Ao contrário
do que agora diz o secretário –geral da Amnistia Internacional, nomeadamente
sobre Angola e Moçambique Durão Barroso naquela reunião saudou os progressos em
termos de direitos humanos naqueles dois países sempre em confronto com a
Guiné-Bissau.
Igualmente,
Cavaco Silva em declarações sobre o incidente com o vôo da TAP prestou-se a
declarações pouco abonatórias com a conduta de um presidente da República. Tudo
isto sem que alguns guineenses com assento neste fóruns internacionais tivessem
dito uma palavra em defesa da Guiné-Bissau, ou pelo menos, confrontassem estes
responsáveis portugueses com esta flagrante dualidade de critérios em relação a
outros países irmãos, como Angola ou a Moçambique, onde os cidadãos portugueses
têm sido frequentemente raptados.
Estas
tomadas de posição de responsáveis portugueses, numa altura difícil para a
nossa Pátria, onde precisávamos mais do que nunca de apoio são também agora confrontadas
com a realidade.
Foram as
autoridades de transição, tão criticas pelos portugueses (que fecham
escandalosamente os olhos a reais situações de violações dos direitos humanos)
que levaram, sem qualquer apoio de Portugal, o país sem conflitos internos à
realização de eleições a 13 de Abril último, num clima de paz e plena liberdade
em contraste flagrante com a onda de crimes políticos e de violência que
caracterizou os anteriores governos do nosso país.
Igualmente Rui Machete que sucedeu a Portas na pasta dos Negócios
Estrangeiros manteve a pressão sobre a Guiné-Bissau mantendo aas sanções
económicas e a suspensão de toda a ajuda
Fevereiro de 2014
Rui Machete
chefia a delegação portuguesa à 22.ª sessão ordinária da assembleia de chefes
de Estado e governo da União Africana, que decorre hoje e amanhã na capital da
Etiópia.
“Fundamentalmente
vim aqui para tomar contacto com esta reunião da União Africana que trata da
situação política e de segurança em África, um problema que interessa muito a
Portugal”, referiu em declarações por telefone à Lusa.
Rui Machete
reuniu-se em privado com o Presidente de Cabo Verde, Jorge Fonseca, e com o
ministro das relações exteriores de Angola, Georges Chikoti, dois países do
universo lusófono, para além de ter mantido outros contactos com responsáveis
políticos africanos, num dia de agenda carregada.
“Nesse âmbito, aproveitei a
oportunidade para reuniões bilaterais com vários países, entre os quais Cabo
Verde e Angola, e onde tratámos destas questões de segurança e problemas
políticos gerais, em particular no que respeita à Guiné-Bissau, à situação na
Guiné-Bissau, à situação na Guiné Equatorial, e também à próxima cimeira da
União Europeia com os países africanos”, precisou.
Agora que o período de transição se completa
O ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas,
defendeu esta quinta-feira no Conselho de Segurança o envio de uma força
internacional de estabilização para a Guiné-Bissau, com mandato da ONU, e
sanções para os autores políticos e militares do golpe de Estado.
"A solução para esta crise passa,
incondicionalmente, pela libertação dos responsáveis políticos ilegalmente
detidos, pela plena reposição da ordem constitucional, e pela conclusão do processo
eleitoral internacionalmente reconhecido como transparente e livre",
afirmou.
"Aqueles que persistirem na execução de ações
inconstitucionais, bem como aqueles que ativamente os apoiarem, serão alvo de
medidas restritivas e deverão ser responsabilizados", adiantou.
Portas recorreu ao crioulo "Nó i'stamus
djuntus", para sublinhar a unidade internacional em torno da Guiné-Bissau.
Entre os meios ao dispor da ONU, Portas defendeu o
estabelecimento de uma missão de estabilização mandatada pelas Nações Unidas,
com contingentes militares de países da CPLP, CEDEAO e União Africana, e também
"medidas restritivas" contra os autores do golpe, como a
"interdição de viagens e congelamento de bens".
O melhor e mudarem o nome porque CPLP e uma comunidade de países de língua portuguesa. Isto e so interesses sim senhora e Portugal vai atras de quem manda nele
ResponderExcluirPortugal tornou-se como não ha memória, na pior memória de políticos/governantes e presidente da republica dos últimos 40anos em Portugal e são Os portugueses mesmo e que o dizem.
ResponderExcluirEsta analise esta excelente. Portugal esfrega as mãos achando que vai regressar a Guine e por ordem na casa. Isto infelizmente porque se alguns Guineenses tivessem sido mais patriotas em lugares que podiam elevar o respeito pelo nosso pais e não se tivessem vendido...eles não são amigos dos guineenses, eles não estão preocupadas connosco, eles são amigos do PAIGC que são quem lhes apara os golpes e com quem dão os golpes, essa é que e verdade. A "democracia" deles é a do partido único e essa política/mentalidade tem de acabar. Somos todos guineenses, não precisamos desse falso paternalismo.
Seria bom que os guineenses entendessem isto para poderem de uma vez por todas deixarem de ser manipulados a troco de interesses e couros. Não se deixem enganar.